sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Entrega


Sei que dói
Mas como seria se não?
O que teus olhos veriam
Além do que nos foi proposto?
Somos mais
Somos além de nós
Somos rios de desejos
E sonhos
E quedas
E levantar

Que teus medos se transformem em impulso
Para sacodir sua alma de encontro ao céu
Repleto de sorrisos e flores de satisfação

E que o encanto permaneça
Pelo tempo suficiente de nos fazer felizes
E que teu brilho me surpreenda
E me envolva
E me desate os nós
E nos amarre em nós

E nesse caminho que está sendo escrito
O grito mais alto que se ouça
Seja o da tua poesia

Viva...

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Risco

Eu
E esse meu desejo louco
Batendo cabeças
Fechando portas
Abrindo janelas
E nelas
Revisitando o meu mundo solto de ser afoito

Você
E essa inconsequência de não me querer
De me deixar cada dia mais vendido ao seu encanto
Perdido na impossível missão de te seduzir

Nós
Como água de chuva parada
Numa poça de lamentos frios e sós
Em uma estrada que não leva
Não trás
Não distrai
E nem nada

Me escuta
Ouve meu grito ecoando no teu cio
Me deixa preencher o teu vazio
Me deixa provar que existe algo mais
Louco
Intenso
Voraz
Imenso
E vivo

Me deixa encostar nesse perigoso mundo teu
Eu corro esse risco
De me perder no labirinto desenhado pra nós dois
E depois?
Não sei...
Agora não posso pensar
Estou muito ocupado brincando de ser feliz...

sábado, 20 de abril de 2013

Solene

Pensamento
A viagem feita de dentro pra dentro
O mergulho dado nas sombrias curvas da imaginação

Perdido na sonoridade do meu corpo
Nas batidas frias desse coração
Nos agudos soltos pelos meus pulmões
No silêncio morte dessa minha razão

A coragem de um passo dado à frente
Nunca se compara a esquiva covarde do teu não
Não me enfrente com esse obsoleto desafio de ser feliz
Não me venda novamente essa ilusão

Tira teu olhos e tua incerteza da minha frente
Olha na palma da tua mão vazia
Onde morariam todos os sonhos e poesia
Onde todos os nossos seriam da gente

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Vãs

Eu
A lua
Meus segredos
E todas as coisas que são escritas pra te definir

Você
A rua
Seus medos
E tudo aquilo que existe pra te invadir

Antes de nós
Os nós
E essa prisão de sentimentos loucos

Depois do pós
Os pós
E toda a solidão desenhada pra me envolver

E que antes do fim
Meu rosto contemple sim
Toda a vastidão da tua ousadia
Pintada em cores de melancolia
Assumidamente sua
Destruidoramente nossa

domingo, 10 de março de 2013

Lascivo

Tira-me a roupa
Degusta esse delírio que nos envolve
Pousa o enigma da fertilidade
Ousa aos passos da eternidade
E enfim
Busca no mais da hesitação
O precioso, a excitação.

Ferozes são os desejos
Mortos são os tabus
E sem ter por que vê-los
Não quero que esses pêlos
Que rodeiam
E permeiam
Nossos apócrifos sentimentos
Sejam nus

Concretiza o lascivo
Hipnotiza pela pele
Mostra-me vivo
Sem voltas
Sem portas
Me rebele...

E após tantos cantos
Eis os mantos santos
Do êxtase de nós dois...

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Sensível


Um jeito tão menina de ser
Acompanhado da beleza rara de uma tela de Van Gogh
Onde se esconde teus segredos?
O que se revela por trás dos teus medos?

Fecho os olhos pra te ver melhor
E descubro num mar revolto
Toda a calmaria vinda do fundo dos teus olhos
Por onde escorre oceanos de lamentações
Levando a nau de um novo amor
Por sonhos nunca antes navegados

Dá tua mão
Ancora teus pensamentos na ilha da imaginação
Escreve a rota dos teus passos
À busca da felicidade
Ousa, grita, invade
Faz da tua vida, tua cidade
Faz do teu destino
Teu abrigo

E sente
O toque do vento que sussurra teu nome
E espalha o perfume da tua essência
Apenas para quem mereça sentir

E vive
Tudo que você escreveu pra ti
Assina no teu peito
Com letras marcantes
Com tintas sutis
A necessidade de acima de tudo
Ser feliz...

sábado, 8 de setembro de 2012

Apenas


Em meio a tantos segredos
Pões os sentidos à prova
Encontras escondido dentro em mim
O que muitos dariam por perdido
Navegando nesse mar de sentimentos
Até encontrar a tua ilha
Cercada de pura beleza por todos os lados

Tomado...
E perplexo
Ainda tento acreditar que possa haver
Alguém tão diferente assim
Tão suave por si
Tão dona de mim

O que faz os teus olhos?
Que simplesmente
Não nos deixa pensar
Como uma pintura
Eternizada na mente
E tatuada no coração

O que faz teu sorriso?
Que loucamente nos arrasta
Pra uma outra dimensão
E carrega nos poros
A idéia da poesia
Da rima
Das letras
Da voz

Ah! Se pudéssemos...
Transcrever em meras estrofes
A tua essência
Resumir tudo o que há em ti
Em meia dúzia de fonemas
Como se as palavras ao te tocar
Não se tornassem simples e efêmeras

És a própria palavra
Aquela ainda não dita
E nem traduzida
Apenas venerada
E apaixonantemente
Linda...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Encanto



Como um redemoinho
O seu eu me tomou
Jogando pro alto todos meus bloqueios
Resolvi gritar você

Como um peregrino, um romeiro, um andarilho
Um devoto da beleza em exagero
Escondido nas palavras
Rezo teu nome
Reverencio teu encanto em forma de oração

E o olhar que tanto busco
Talvez, simplesmente não exista
Ele é mais do que preciso
Porque ele não precisa de nada em mim

Mas é aí que ela me prende
Me amarra
Me converte
Mas é assim que ela me perde
Ou propositalmente
Faz eu me perder

Dois destinos tão distintos
Tão distantes
Irreais
Paralelas que não se cruzam
Nem no infinito

terça-feira, 12 de junho de 2012

Tudo

Assim eu vi o meu mundo
Refeito de um tornado que me consumiu
Onde tudo voava para bem longe
E o destruído peito meu
Teimava em não se acalmar

Afogado em meio a saudades
Sufocado em rotos lamentos
Perdido, surrado e desnorteado
Caído, sem forças e derrotado

Mas quando tua voz adentrou meu ouvido
E ouvi teu peito bater em meu peito
Um brilho espetacular me tomou a fronte
Eu ri, cantei, aplaudi e agradeci
Eu vi de novo
O céu
E a alegria de ter de novo um horizonte

De ti
Busco sempre mais
Pois sei que és o onde
O quando
O sempre
E o tudo
Desse tal de amor...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Horizonte

Eu e um horizonte. Nunca pensei que fosse tão amplo esse encontro. Como pode uma simples linha ao fundo, caber tantas linhas de possibilidades? Passo a passo ao encontro desse momento, de chegar ao futuro e quando chegamos, descobrimos que não chegamos a lugar nenhum. Pois existem outros horizontes, outras linhas, novas possibilidades. E sempre você quer ser diferente do que era, e pior, ser diferente do que é. E para todo lado que você se virar, terá um horizonte esperando você. Com uma vontade enorme de te consumir, de te vencer, de te provar que por mais que o alcance, ele sempre teimará em existir. Jogo meus olhos ao longe e vejo exatamente o que vejo hoje, o amanhã é feito do que é escrito hoje. O hoje é moldado no que foi desenhado ontem. E o ontem... Não sei, talvez seja exatamente o que será visto amanhã.

A Rua

A rua me levou
Tão longe
E mesmo assim
Caminhando contra os passos dessa vida
Vi você

Encheu meus olhos
Comprou meu sorriso
Doou minhas dores
E tomou meu pensamento

As curvas me conduzem
Os cruzamentos me dividem
Me escondo nos cinzas dessas casas
Com suas cores queimadas do sol

Me espremo entre postes e muros
Desvio de buracos
Sento nas calçadas feitas pra te esquecer
Me abrigo nas marquises das tuas lembranças

E eu
Acreditava que no fim dessa rua
Onde mora a lua
Triste, sozinha e nua
Me perderia de tudo
E acabei chegando em você

segunda-feira, 5 de março de 2012

Estrada Triste

Eu corro
E canso
Meu suor é sinônimo de dor
Meu esforço é pedra jogada no vento
Tão vazio quanto os abraços que recebo

Eu corro
E vejo a mesma estrada de ferro
Enferrujada
Vazia
E morta
Por onde passava um trem de anseios
Hoje resta o som de uma canção triste

Eu corro
Eu morro
Sem direito a nem gritar por socorro

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Por trás do espelho

A tua lida me paralisou
Escrita por linhas tortas
Onde o poema se esconde
Por trás de um sorriso que chora

Olha mais longe de onde se possa enxergar
Não deixa que te pintem o contrário
Tua beleza não é de se expor na mesa
É de ser apreciada em molduras

Rasga a tua roupa de luto
E revela a nudez da tua essência
E exala o odor da tua vontade
De ser feliz

O que queres de nós?
Tolos, bobos e inconsequentes
Que não medem esforços pra te ter
E que não conseguem te prender

Hipnotiza
Como a uma medusa
Forte e dependente
Decidida e paixão
Aquela que prende olhos, cabeça, coração

Tens a força do dentro
Maior que o externo possa te desvendar
És um grande abismo de prazer
Onde se precisa de ousadia e coragem
Para se jogar

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Paradoxal

A distância que me aproxima
O medo que me encoraja
O mar que me desafoga
Ou um grito que não me diz nada

O vício que me liberta
O sentido que não me direciona
O riso que não me alegra
A corrente que me impulsiona

Preso meu desejo, tão vil, tão vão
Um silêncio que me atormenta
Como um motor do navio
Zunindo, partindo, medindo
A coragem que eu não tive
De enfrentar o que não há
Por simplesmente
Teimar em existir

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Vício II

Todo momento
Existe para ser vivido
Seja para o bem
Seja para o mal

Pois cada segundo vivido por mim
Tornou-se necessário para viver você

Todos os olhares sāo os seus
Todos os momentos não são mais os meus

Incontrolável
Minha cabeça gira o mundo
E vive tudo ao teu redor

As ruas que percorro
Sempre cruzam você
Um labirinto
Onde sonho em me perder

Nos lábios
Na pele
No cheiro
Que entorpece meu peito
E deixa perdido dentro dele
Gritando uma triste canção
Esse músculo, louco, inconsequente
Coração

Torres

Pousando
Cantando
Chorando
Todas as vidas vividas em mim
Olhando
Voando
Mirando
Todos os sonhos perdidos em ti
Tudo
Todos os tolos pensamentos
Nada mais, nenhum juramento
Cortes
Sangues da alma
E o mundo voltou
Rodou
Sorriu
Implodiu
e ao nada, pro nada, do nada
Voltou

Cigano (Apesar de)

Apesar de cigano… Ouvindo essa música do Vercilo, nunca imaginei que ela se identificaria tanto comigo. “Ladys e Madonas me entregaram os corações  e eu, meio pirata, naveguei nessas paixões…”. Ate quando? Cigano, nômade, errante, andarilho. “Mas o meu divã é tua pele, tupi, guaraná, guarani…”. Chega a ser engraçado tanta poesia em tanta diversidade, digamos assim, para não utilizar um outro termo qualquer. “Cheguei em Paris e  la´pude ver toda a tua luz, minha Vera Cruz, eu te amo(?) e apesar de cigano so penso em você…” Existem coisas na vida que não são faceis de entender e imaginem de viver. A escolha dura e cruel de ser cigano. Serei taxado de menino, imaturo, irresponsável… Mas prefiro me denominar precavido, ser errante nesse mundo, sem fixar morada no peito de ninguém, me defende da partida daquele lugar, me defende de uma catastrofe. já sentiram a dor de perder tudo numa catastrofe? Pois a minha cota de catastrofes acabou. Não aguento mais barreiras desmoronando, tufões, enchentes, terremotos, furacões. então vou assim, cigano. A dura escolha de ser livre ou do medo de não ter onde estar preso…

Elas (ainda) Existem

Elas existem. E teimam em me rodear… Já escrevi, já pintei, representei, me embriguei nelas e elas, teimosas, resistem ao tempo. Não adianta nem trazer das palavras para o real. Esforço vão. Tudo que pinto, seja de dia, seja a noite, seja levado por essa tonta emoção que teima em me acompanhar, ou seja tomado por uma burra razão que resisto em usar. Seja lá o que for, elas me cercam e escrevem com uma tinta que além de gravar, criam manchas. Me sinto amarrado por elas, pelas tintas, pelas razões, pelas emoções, pelas palavras e pelo medo. Reconhecer meu real lugar de aspirante a coadjuvante de figurante numa peça medieval é o mais louvável no momento. Não me cobre. Não escrevo, não remeto, não salto, não falo, não grito e não vivo, nem que isso me cause uma impotente impressão de tempo perdido. Queria agora escrever sobre temas mais alegres e românticos. Mas elas, não me deixam, elas existem e são crueis. Adagas frias e venenosas. Mas acertarão minhas artérias, pois não tenho mais tempo pra isso. Minha idade não permite que elas me façam duvidar até de mim…

Mais...

Por mais que eu saiba
Por mais que eu caiba
Ainda existe muito mais a ver
Muito mais a ter
Muito mais a querer
Onde hoje existe brilho dos teus olhos
Que me ilumina a face
Amanhã será um sol incandescente
Que aquecerá meu corpo
Onde existe mel nos lábios
Que me adoça a libido
Amanha será tão doce
Quanto brigadeiro roubado da panela
Ainda terei muito mais de ti
Ainda serei muito mais pra ti
Pois nossa história não começou
E nem tão pouco estará perto de acabar

O Sol de Um Sorriso

O mundo ri
Quando gira ao teu redor
As coisas não envelhecem
Os medos não aparecem
E é o toque da tua simplicidade
Que transforma o banal em excepcional
Ao levantar os olhos e ver
Os quadros pintados por tua essência
Seduzindo qualquer existência
Suspiros, sussurros e cochichos
Ecoam mente adentro
Explodem peito afora
E agora?
Quem mais pode deter-te?
Essa que nasceu forte
Como um rio que desce a serra
De um fio
A vida
Ao mar
E nunca mais o vazio
Mergulhando no doce vinho dos teus olhos
Embriago-me de alegria
E teu sorriso
É como um pôr-do-sol que se esconde
Enchendo de poesia o horizonte
De quem cruza teu caminho