sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Vício II

Todo momento
Existe para ser vivido
Seja para o bem
Seja para o mal

Pois cada segundo vivido por mim
Tornou-se necessário para viver você

Todos os olhares sāo os seus
Todos os momentos não são mais os meus

Incontrolável
Minha cabeça gira o mundo
E vive tudo ao teu redor

As ruas que percorro
Sempre cruzam você
Um labirinto
Onde sonho em me perder

Nos lábios
Na pele
No cheiro
Que entorpece meu peito
E deixa perdido dentro dele
Gritando uma triste canção
Esse músculo, louco, inconsequente
Coração

Torres

Pousando
Cantando
Chorando
Todas as vidas vividas em mim
Olhando
Voando
Mirando
Todos os sonhos perdidos em ti
Tudo
Todos os tolos pensamentos
Nada mais, nenhum juramento
Cortes
Sangues da alma
E o mundo voltou
Rodou
Sorriu
Implodiu
e ao nada, pro nada, do nada
Voltou

Cigano (Apesar de)

Apesar de cigano… Ouvindo essa música do Vercilo, nunca imaginei que ela se identificaria tanto comigo. “Ladys e Madonas me entregaram os corações  e eu, meio pirata, naveguei nessas paixões…”. Ate quando? Cigano, nômade, errante, andarilho. “Mas o meu divã é tua pele, tupi, guaraná, guarani…”. Chega a ser engraçado tanta poesia em tanta diversidade, digamos assim, para não utilizar um outro termo qualquer. “Cheguei em Paris e  la´pude ver toda a tua luz, minha Vera Cruz, eu te amo(?) e apesar de cigano so penso em você…” Existem coisas na vida que não são faceis de entender e imaginem de viver. A escolha dura e cruel de ser cigano. Serei taxado de menino, imaturo, irresponsável… Mas prefiro me denominar precavido, ser errante nesse mundo, sem fixar morada no peito de ninguém, me defende da partida daquele lugar, me defende de uma catastrofe. já sentiram a dor de perder tudo numa catastrofe? Pois a minha cota de catastrofes acabou. Não aguento mais barreiras desmoronando, tufões, enchentes, terremotos, furacões. então vou assim, cigano. A dura escolha de ser livre ou do medo de não ter onde estar preso…

Elas (ainda) Existem

Elas existem. E teimam em me rodear… Já escrevi, já pintei, representei, me embriguei nelas e elas, teimosas, resistem ao tempo. Não adianta nem trazer das palavras para o real. Esforço vão. Tudo que pinto, seja de dia, seja a noite, seja levado por essa tonta emoção que teima em me acompanhar, ou seja tomado por uma burra razão que resisto em usar. Seja lá o que for, elas me cercam e escrevem com uma tinta que além de gravar, criam manchas. Me sinto amarrado por elas, pelas tintas, pelas razões, pelas emoções, pelas palavras e pelo medo. Reconhecer meu real lugar de aspirante a coadjuvante de figurante numa peça medieval é o mais louvável no momento. Não me cobre. Não escrevo, não remeto, não salto, não falo, não grito e não vivo, nem que isso me cause uma impotente impressão de tempo perdido. Queria agora escrever sobre temas mais alegres e românticos. Mas elas, não me deixam, elas existem e são crueis. Adagas frias e venenosas. Mas acertarão minhas artérias, pois não tenho mais tempo pra isso. Minha idade não permite que elas me façam duvidar até de mim…

Mais...

Por mais que eu saiba
Por mais que eu caiba
Ainda existe muito mais a ver
Muito mais a ter
Muito mais a querer
Onde hoje existe brilho dos teus olhos
Que me ilumina a face
Amanhã será um sol incandescente
Que aquecerá meu corpo
Onde existe mel nos lábios
Que me adoça a libido
Amanha será tão doce
Quanto brigadeiro roubado da panela
Ainda terei muito mais de ti
Ainda serei muito mais pra ti
Pois nossa história não começou
E nem tão pouco estará perto de acabar

O Sol de Um Sorriso

O mundo ri
Quando gira ao teu redor
As coisas não envelhecem
Os medos não aparecem
E é o toque da tua simplicidade
Que transforma o banal em excepcional
Ao levantar os olhos e ver
Os quadros pintados por tua essência
Seduzindo qualquer existência
Suspiros, sussurros e cochichos
Ecoam mente adentro
Explodem peito afora
E agora?
Quem mais pode deter-te?
Essa que nasceu forte
Como um rio que desce a serra
De um fio
A vida
Ao mar
E nunca mais o vazio
Mergulhando no doce vinho dos teus olhos
Embriago-me de alegria
E teu sorriso
É como um pôr-do-sol que se esconde
Enchendo de poesia o horizonte
De quem cruza teu caminho

Meu Barco no Seu Mar

São altas horas de um dia sem fim. Rodo o tempo como quem roda um copo de maltado, feito especialmente pra te esquecer. Mas para quê? Não duvido que as torres plantadas no meu coração sejam maiores que os seus pensamentos por mim. Afinal, foi você quem despertou dentro em mim o que eu nunca teria visto se fosse com outros olhos, se não os olhos da tua beleza. O grande desafio é sair vivo dessa tentativa gritante de ser feliz. Duelar com meus pudores, com o meu receio, ou seria com a minha ousadia em te ter? Vendo tantas curvas entre eu e meu próprio sonho de te desvendar. Meu delírio ora contido, ora louco pra te moldar em meus braços, dar-te a forma que invade meus pensamentos e meus juramentos fugazes de nunca mais sonhar você. Mas não sei se os livros jogados na mesa explicam tanto querer ou se a luz acessa dessa vida desnorteada em tua função tem tanto brilho assim. Pus teu sorriso em uma moldura e vi saltar o meu peito, vi tremer minha mão, vi dançar teus cabelos, vi teu peito, meu desejo, vi pureza, vi canção, solidão. Com os olhos fechados, que é a melhor forma de te enxergar, lembro a imagem forte que domou minha razão e me deixou perdido, como uma criança diante do que mais queria e não poderia nem simplesmente tocar. Velejo meu mundo pra longe do teu, na doce esperança de encalhar no teu cais e atracar minha nau, pra nunca mais ou pra sempre mais. Mesmo cercado por tantas pessoas, eu preciso implodir o meu medo e te invadir os fortes, te controlar e ao mesmo tempo viver a sua mercê. Domar seus arreios, conviver nos teus meios, repartir os anseios e respirar teu ofegar. Cuidar do teu beijo, conviver, me iludir, me vencer. E dizer num alto grito: Vem comigo! E escolhe a opção clara de me ter… Assim… Feliz…

Em Versos

Rasga o meu peito em carne viva
O silêncio do teu medo, tua porta
Me envenena, me amarra, me cativa
A alegria que teimas em dizer que está morta,
A estrutura de um poema não existe
Existe o meio de onde nasce o sentimento
Dos versos tristes ou alegres que ouvistes
Minha jura de amor, meu pensamento

O Meu Jeito

Esse é meu jeito de escrever solidão
Com rimas , trovas e canção
Como um rei derrama o sangue do seu desafeto
E defende com honra seu lugar
Assim defendo meus versos
Meus gritos
Meus mitos
Minha dor
Ando ao lado de mim mesmo
E mudo o meu mundo em cada passo
Dado no sentido do sempre
O sempre que se transforma em nada
O nada que escuta do silêncio
Olhando ao redor
Perco o que nunca tive
Tenho o que achei
Rasgo o meu peito
Que eu nunca encontrei

Sou Louco

Sou louco
Pra te roubar os segredos
Pra te contar os meus medos
E te sentir entre meus dedos
Sou louco
Pra admitir meu pecado
Pra morrer feliz ao teu lado
Pra reviver de teu passado
Um louco inconsequente
Que vive
Que sente
Que mente
Louco pra fechar os olhos
E te ter mais uma (não sei quantas) vezes
Sou louco
E o melhor disso
É que você sabe

Incondicional

Estou preso
Por mais que tente fugir de você
O teu cheiro me persegue
E a agonia de poder gritar teu nome ainda mais forte
Me faz subir sem voar
Me faz sorrir por só te sentir
E meus pensamentos
Me tomam de mim
E me conduzem a você
Eu vi teu corpo tatuado no meu prazer
E passei horas tentando decifrá-lo
Me perdi
As horas não são para contar o tempo
Pois o tempo não te mede
Ele não consegue responder todas as questões
Nem por fim a todas as inquietações
Rápido
Foi assim que meu tiro de alegria passou
Mas o suficiente pra te desenhar
Te moldar em formas de desejos
E o único medo que tenho
É o de me embriagar em você
Como um cordel envolvente
Viajo por cada letra do teu nome
Por menor que seja
Por maior que viva

Registro

O meu corpo se perdeu submerso no seu
E assim eu sorri
Eu vi tudo escrito do mesmo jeito de antes
Vi todos os pontos
E todas as interrogações
Sabe aquela rota perdida no meio do mar de anseios?
Eu li
E encontrei teus olhos
E revirei teus copos
Cheios de um vinho doce
Tão envolvente quanto seus poros
E os solos de uma dança vã
Me enebriaram em plena vastidão do meu eu
Ou do meu teu
E do meu mel
Que encheu tua boca e assim se fez canção
Escrita, cantada e harmonizada por uma nota só
Onde não encontrei nada
Por tudo
Dormi e simplesmente sonhei
Em ser vivo
E assim roubar teu destino
E colá-lo junto ao meu