sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Devolução

Rápido
Devolva-me o que me perdestes
Devolva-me meus segredos
Cada um deles
Escrito e pintado por meus anseios
Devolva-me o sol que teu beijo roubou
E leva contigo a tempestade
Sai da minha janela com teus pesadelos
Sai do meu sono com tua nuvem negra
Reporta
E escolta a ansiedade pra fora de mim
Escreve tudo o que te disse
Pra não esqueceres de me desmentir
Quando eu disser que não mais te quero
Joga na minha cara tudo o que penso
E almejo pra nós
E na foz
Da minha falsa verdade
Grita pra lembrar-me
O que me apetece
O que me escurece
E tudo o que não mais me envaidece

Concerto Para um Sonho Só

Tudo. Nada. Antes. Depois… A velocidade que esse mundo gira é impressionante. E dessa vez ele me trouxe de volta você. Num redemoinho mágico e repleto de sonhos e desejos. De medos e vontades, de cores e saudades. Cada um dos sonhos emitidos ecoam pelos meus ouvidos, como uma música perfeita em ritmo, harmonia e melodia. E num andamento perfeito ela foi executada por nós. Os corpos, instrumentos afinados e dedicados a arte de se fazer música, de se sentir vivos, de degustar cada uma das notas oferecidas na partitura dos sentimentos. E tudo o que não era, volta a ser pra alegria de nós. Agora é cultivar o momento pra que ele venha a florescer o que bem não se sabe, talvez a grande virtude é o de não se saber o que plantou. Oque vai brotar desse ato louco e feliz. Em novos concertos que surjam ótimos conceitos, ou as mais profundas interpretações das músicas da alma. Cantada, tocada e sentida em favor de nós. Por nós. Para nós

Quero

Quero
Mais do que você possa imaginar
Quero o sorriso
Quero o gozo
Quero o cio
E o fio
Que me prende a seu corpo
E me faz tremer
Gemer
Viver
Onde a pele impera
E o toque transforma
o instante em voraz
E destroi minhas barreiras
meus pudores
E deixa o vicio maior
Preso ao poder do beijo
Em meio a tantos outros
Me faz ainda mais
Querer…

Passos e Passos

Vultos de antes me assombram
E olhando pela janela do teu passado
Vejo um ninho de segredos
Escondido em mim
Mora o sumo de nós
Revelado aos poucos
A poucos
Por pouco
E os caminhos do coração
Iguais aos de uma civilização perdida
Labirintos sem destino
Confuso e fatigante
Onde o nada é muito
Onde o tudo é pouco
Onde becos e vielas
São as estradas e esperanças de chegar
No fundo
No mundo
Perdido de viver

O Fio de Ser Feliz

Preguiça de sair
Preguiça de comer
Preguiça de sonhar
Preguiçar de partir
Querendo apenas viver
E assim ser feliz
Querendo apenas sentir
O frio
O fio
O triz

Atos e Atroz

Um horizonte é o limite
Limite dos teus
Dos meus
Dos nossos…
O alvo a ser alcançado
O sonho a ser recortado
Onde caio
E ensaio
Mudanças e revoluções
Canções, poesias e ilusões
E por fim
Sorrio pro cio
E num abraço sem nexos
Escorro meus litros e desejos
Anseio sorrir e me vejo
Todo dia
Toda hora
Toda vez
A nudez
A alegria
A sensatez

Respostas

Buscamos respostas pra tudo
Se o mundo gira
Ou se ele corre o risco de parar
Queremos saber as causas
As razões
Das culpas e dos perdões
Queremos resposta para os medos
Queremos respostas para tantos segredos
Queremos saber o motivo do começo
E a causa do degredo
E respostas nada mais são do que espelhos
Espelhos das tuas dúvidas
As respostas saiem de dentro das tua perguntas
Do tanto querer saber
E do nada fazer por viver
As respostas são quem me buscam
Me usam
Me escrevem em detalhes medonhos
Precisos
E mesquinhos
Respostas
E a sua incessante condição de não esclarecer

Encontros

Os pingos da tua chuva no meu peito
Me enchem de dúvidas e vontades
Quero o céu estrelado que me ofereces
Quando tu ri
Uma musa escondida em segredos
Onde mais buscarei saber de ti?
Mas seja lá o que fores
Venhas por onde vieres
E arrebatas o nó dentro de mim
Quero mais que teu beijo
Quero tua essência entranhada na minha
E respirar teus anseios
E me vender em teus desejos
A noite, estrelas e céus
Toques, mordidas e véus
Pousa dentro em mim o que busco
E vêm de você
E sai de você
É tudo você
Me dá tua mão
E voa comigo
Sem pouso
Sem morada
Sem abrigo
Antes de mais nada
Aventure-se no mundo
E viva
Tudo aquilo o que temos pra nós

Céu Negro

Abri a net e estava lá:Brasileiros negros tem a menor esperança de vida. Eu diria que negros do mundo tem a menor esperança de vida, de sonhos e de realizações. Me sinto um privilégiado por poder comer, educar meus filhos, ter um minimo de lazer e de poder trabalhar. Ser negro no mundo não é fácil, somos lembrados em casos extremos, claro, o dia da consciência negra, o novo presidente dos EUA, ou algum cantor mais famosinho que se destaque. Enquanto a África padece com o virús da AIDS, com o flagelo da fome e principalmente com a indiferença do mundo. Mas voltemos a falar dos nossos negros, que tem menor expectativa de vida, 71,4 anos, aí eu faço a pergunta: viver pra quê? Pra ver seus filhos morrerem ainda na adolescencia, fruto de extermínio qualquer? Ou de tentar uma educação melhor para sí e dar de cara com a baixa qualidade que lhe oferecem? Aos negros restou não viver, como eles mesmo querem, pois se submetem a condições escravas e medonhas. Eu pinto minha tela de outro jeito, não me vendo e nem a minha poesia àqueles que não desejam me ver bem. Ser negro é muito mais do que ser diferente, pois de diferente não temos nada, somos iguais a todos, choramos, amamos, gozamos, gritamos, trabalhamos e educamos. E apenas queremos ser felizes também.

Leitos

Ponto final
O meu rio de ilusões secou
E mudou
Seu curso
Seu leito
E seu vão
E são
Fecho meus olhos
Deslizo correntezas
E atravesso cachoeiras
De medos e mentiras
E salto em teus braços
Segure-me
E revolta minha vida
Em voltas que nunca dei
E sempre resolvi