sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Pele

Eu vi entre os seus desejos, os meus desejos. Que se completavam. Que se envolviam numa dança de corpos nus, vestidos unicamente por um manto de libido, exalada como se fosse um perfume no ar. O mais ardente dos perfumes, um cheiro que pulsava forte como um tambor, por mais que não se quisesse escutar, era inevitável. Havia mais do que se podia conter, tinha entre os dedos um toque suave e viril, que buscava a tez, os pêlos, as curvas, os bicos, a umidade, o quente, a foz. As bocas se encontravam e transformavam-se em mares infinitos, fortes e misteriosos, navegados por naus de imaginação e fantasias, onde o porto do teu ventre é o meu cais. Onde a língua que desliza, que umedece, que suga todo o sabor saído do teu afã, faz com que o céu seja ali, agora. Onde o encontro dos templos desnudos resplandecia mais do que o pecado, ofuscava os conceitos e medos, fazia valer o clamor da pele. Essa sim, rainha soberana no instante, que buscava o encaixe perfeito e clamava por um êxtase inimaginável, o movimento frenético regido pelo cio, faz com que dois seja apenas um, indivisivelmente, um. Por ser seu, por ter, por viver, prazer…

Nenhum comentário:

Postar um comentário